Por outro lado, qualquer domínio do saber implica um elevado número de conceitos e a maior parte do vocabulário tecnoletal não se encontra nos dicionários
de uso comum, o que levanta sérios problemas terminológicos. Vem, por isso,
de longa data a preocupação de estabelecer terminologia científica em língua
portuguesa – e as Ciências da Terra não são exceção –, que se adeque às suas
necessidades de comunicação e expressão, sobretudo no trânsito escolar.
Embora o interesse pela terminologia venha. como referido, de longa data, é hoje,
mais do que nunca, uma necessidade premente dado o avanço da ciência e também pelo facto de o uso inconsistente de tecnoletos originar problemas pedagógico-didáticos tanto a investigadores e docentes como a discentes.
Como afirma Telmo Verdelho, “Ao contrário do que acontece com a língua comum,
as linguagens especializadas reduzem tanto quanto possível as margens de redundância (toda a acumulação é disfuncional), e ao mesmo tempo, pretendem
evitar qualquer equivocidade, criando (idealmente) tantos objectos de significação
quantos os referentes” (Verdelho 1994), i. e., a univocidade dos termos é uma
condição fundamental para uma comunicação eficaz e o descritivismo, tendência
atual da prática lexicográfica, dá lugar à normalização eindexação terminológica.
O apetrechamento de terminologias normalizadas, nas diferentes especialidades no âmbito de qualquer área científica é, também, fundamental, tendo em
vista a eficiente difusão e circulação do conhecimento, numa perspetiva de defesa
dos princípios estruturais da língua portuguesa. Seguindo ainda Telmo Verdelho,
“As terminologias científicas e técnicas constituem (…) um espaço interlinguístico
que violenta um pouco todas as línguas modernas, impondo-lhes um ritmo de
inovação e de confronto com o neologismo ou estrangeirismo cada vez mais acentuado e crescentemente repercutido na língua comum” (Verdelho 1994). Contudo,
não há como negar a emergência de neologismos e de estrangeirismos. A língua
portuguesa, comum e, em maior percentagem, a especializada, importa não apenas os termos retomados de outros sistemas linguísticos (empréstimos lexicais),
mas também os sistemas internacionais de recriação lexical na formação de novos termos (neologismos).
Cabe, ainda, a este propósito, referir que o discurso eminentemente purista, que
vigorou durante grande parte do século XIX, conduziu à criação de vários vocábulos aportuguesados que nunca tiveram uso (e nunca terão) entre os especialistas
portugueses. A partir da década de 60, de modo mais sistemático, as terminologias e nomenclaturas científicas passam a ser objeto de dicionários especializados (glossários), com uma alteração efetiva de paradigma e os termos passam a
ser reconhecidos pelo seu uso em situações de comunicação real.
Ora, muitas unidades estrangeiras não apresentam aportuguesamento ou equivalente vernáculo por se encontrarem definitivamente consagradas, pelo que se
mantém a sua forma original, por exemplo, bog, char, gyttja, mire,tonstein. Todavia, e sabendo que uma percentagem elevada de empréstimos lexicais pode con-
Petrologia e Geoquímica Orgânicas 7
duzir à descaracterização de um idioma, sempre que possível, não deixámos de
apresentar formas aportuguesadas, conformes à ortografia, fonologia e morfologia
do português (por exemplo, o caso de cerogéneo(do grego keros= cera, pelo
inglês kerogen), e não querogénio), ou equivalentes vernáculos que substituem
os estrangeirismos (por exemplo, testemunho de sondagem, do francês carotte
de sondage).
Relativamente aos termos derivados de nomes próprios com grafias estranhas ao
sistema ortográfico português, estes mantêm as características da grafia original,
por exemplo shungite, que provém da vila Shunga, na Rússia, ou kukersite, de
Kukers, na Estónia.
Na revisão linguística agora levada a cabo e na fixação da nomenclatura, adotou-se, como não podia deixar de ser, o sistema de grafia oficialmente em vigor,
isto é, o Acordo Ortográfico, assinado em 1990, que fixa na escrita portuguesa várias alterações de pormenor (Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de
1990, 1991). Como é sabido, o Acordo não estabelece uma ortografia única e inequívoca, deixando opções facultativas que poderão suscitar alguma perplexidade
ortográfica. Parece, por isso, desejável a posibilidade de rever algumas normas
ortográficas, para uma maior regularização da escrita portuguesa. No presente
trabalho, nos casos em que o Acordo é lacunar, são apresentadas opções devidamente fundamentadas. No caso de um termo apresentar variantes, em primeiro
lugar, é indicada a forma preferível, de acordo com as leis ortográficas atualmente
em vigor. Todos os casos foram objeto de reflexão e minuciosamente discutidos.
A aplicação das novas regras representa, acima de tudo, uma excelente oportunidade de repensar e refletir sobre algumas particularidades da língua portuguesa.
Com efeito, o sistema ortográfico vigente desde 1945, com ligeiras alterações em
1973, apresentava algumas dificuldades e, em muitos aspetos, necessitava de revisão. Sabendo que um sistema linguístico está em constante evolução, encaram--se as mudanças na ortografia com alguma naturalidade. No entanto, no estabelecimento de novas regras, o bom senso terá de imperar, a tradição lexicográfica de
longa existência tem de ser considerada e alguns pontos reequacionados.
De uma forma geral, podemos concluir que, no que diz respeito à nomenclatura
geológica, a percentagem de palavras que sofrem mais alterações da sua forma
escrita são afetadas pelas seguintes convenções: a eliminação de acentos gráficos, a eliminação de consoantes mudas, e o emprego, ou não, do hífen.
Na aplicação das novas regras ortográficas, aplicamos, sempre que possível, as
normas em vigor, não obstante, e dado que estamos perante vocábulos de linguagem especializada, se reconheça a necessidade de alguma flexibilidade específica pela índole da própria terminologia. Situação esta, igualmente, reconhecida
pela Academia Brasileira de Letras.
Ora, pondo em prática a nova ortografia, examinemos os seguintes casos:
(i) Na terminologia geológica, há imensas palavras formadas com o sufixo -óide
e, segundo a nova ortografia, o acento é eliminado em palavras graves com
ditongo ói(cf. Base IX, 3.º). Por exemplo, cristalóide> cristaloide.
(ii) Um dos princípios do presente acordo é o seguimento do critério fonético
Thesaurus de Ciências da Terra 8
para resolver algumas diferenças ortográficas existentes nas duas ortografias oficiais da língua portuguesa. O critério da pronúncia é valorizado,
sempre que possível, em detrimento do etimológico. Uma vez que o critério etimológico promove uma visão historicista da ortografia, os defensores
do acordo falam de uma mais fácil aprendizagem da grafia: “É indiscutível
que a supressão deste tipo de consoantes vem facilitar a aprendizagem
da grafia das palavras em que elas ocorriam. Só à custa de um enorme
esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para
outras áreas da aprendizagem da língua” (art. 4.2, c)). A eliminação das
consoantes mudas ou não articuladas, nos grupos consonânticos interiores
cc, cç, ct, pc, pçe pt(cf. Base IV) é uma das alterações de maior impacto
na prática ortográfica portuguesa e dos países africanos lusófonos que o
documento propõe. O critério fonético justifica, assim, a eliminação destas
consoantes nos casos em que não são pronunciadas pelos falantes e a
sua manutenção nos casos de prolação. Por exemplo, autoctonia(que se
mantém inalterada), mas bireflectância> birefletância. Nos casos de grafia
dupla, registamos apenas a grafia que consideramos ser a preferencial em
português de Portugal, uma vez que as grafias duplas devem ser evitadas
num sistema ortográfico que se pretenda objetivo e claro e, principalmente
em terminologia, com vista à clareza e univocidade da linguagem científica. Maiores dificuldades surgem quando existe variação dentro do mesmo
espaço geográfico, quando o próprio falante tem dúvidas se pronuncia, ou
não, a consoante, sobretudo no caso de vocábulos mais eruditos e menos
frequentes. Dar conta da imensidão de pronúncias possíveis nem sempre
é tarefa fácil: cotectivoou cotetivo, eutécticoou eutéctico? Torna-se imperioso consultar especialistas para identificar a(s) pronúncia(s) mais frequente(s). Infelizmente, de nada ou pouco adianta consultar a plataforma do
Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa(VOC), apesar de
nela se indicar que “alberga os instrumentos que determinam legalmente a
ortografia da língua portuguesa”.
(iii) A formação de terminologias e de linguagens especializadas socorreu-se
amplamente de radicais, prefixos e sufixos gregos e latinos de significação
plena, ponto em que residem as principais dificuldades de aplicação das
novas regras. As formações em que o primeiro elemento termina em vogal
e o segundo elemento começa pela mesma vogal (cf. Base XVI, 1.º, b)) são
hifenizadas. No caso de vogal diferente, o hífen deixa de ser usado (cf. Base
XVI, 2.º, b)). As palavras constituídas por temas nominais gregos e latinos
continuam sem hífen, mesmo que contenham mais de dois elementos.
Mas devemos aplicar cegamente as regras contextuais ou vamos manter
o que está consagrado pela tradição? Na realidade, observam-se casos
de grafia dupla em que é necessário definir a preferencial. Por exemplo,
segundo o Acordo de 1945, teríamos metaantracitee metantracite, nesta
última com aglutinação, perdendo-se a noção linguística de composição.
Há alterações com o Acordo de 1990? Teremos meta-antracite? Subsistem
também dúvidas em vocábulos formados pelos elementos cata-, meso e
epi- na presença da forma impsonite. Segundo as regras de 1945, teríamos
epiimpsonite, mesoimpsonitee cataimpsonite. Deveremos, agora, aplicar as
novas regras contextuais e passaremos a ter epi-impsonite?
Como atrás se anuncia, há princípios que regem a formação de compostos
de elementos gregos e latinos. Seguimos, sempre que possível, as lições
Petrologia e Geoquímica Orgânicas 9
de Rebelo Gonçalves, tal como referido em Gonçalves (1947, 1966), ainda
mais quando o novo Acordo Ortográfico é omisso sobre o emprego de hífen
neste tipo de compostos chamados eruditos. Valemo-nos, por isso, da boa
tradição ortográfica. Rebelo Gonçalves, no Tratado de Ortografia da Língua
Portuguesa, inclui epi- e meta- entre os prefixos, de origem grega, que não
são seguidos de hífen e que se unem aos elementos imediatos (Gonçalves
1947, p. 252-254). Quanto a meso-, no mesmo Tratado lê-se o seguinte: “É
inadmissível o uso do hífen nos compostos em que um elemento de origem
substantiva, proveniente do grego ou do latim e terminado em o, se combina com um ou mais elementos substantivos ou adjectivos. Em tais compostos faz-se sempre a união completa dos elementos iniciais imediatos”
(Gonçalves 1947, p. 250). Defendemos, por isso, as formas preferenciais
cataimpsonite, mesoimpsonite e epimpsonite(no último caso, com elisão
de uma das vogais), todas elas sem hífen, o que evitará incongruências
gráficas, registando, como alternativa, as formas hifenizadas nos três casos, i.e., epi-impsonite, meso-impsonitee cata-impsonite, muito embora o
Acordo Ortográfico de 1990 apenas permita validar epi-impsonite. Contudo,
trata-se neste caso de marcar, inequivocamenteos, os três estados possíveis de evolução do migrabetume impsoniterelativamente ao fenómeno da
incarbonização, com as reais consequências que daí advêm na análise de
bacias sedimentares e dos reservatórios de hidrocarbonetois. Aliás, as grafias hifenizadas são as que se utilizam, correntemente, nos três casos, no
domínio da chamada Geologia do Petróleo, a nível internacional, quer em
língua inglesa quer nas línguas latinas.
(iv) Os compostos sem elementos de ligação e cujos elementos, de natureza
nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, não sofrem qualquer alteração
(cf. Base XV, 1.º) por exemplo, água-marinha. Mas, e como a questão de
considerar um vocábulo composto, logo com hífen, ou uma locução é controversa, urge fixar/atestar a grafia de palavras ocujas ocorrências oscilam
entre o emprego, ou não, do hífen. Surgem formas como carvão-de-chama
ou carvão-de-pedra em que o sinal se usa por constituírem unidades de
sentido, ou seja, verdadeiras palavras compostas, até pelo facto de designar
tipos específicos de rocha; mas há outros casos, como carvão de algas ou
carvão de choça, que morfologicamente são locuções substantivas, portanto, grafadas sem hífen.
Ainda a este propósito, o novo Acordo Ortográfico dita, de uma forma geral,
a eliminação do hífen em locuções de uso geral e a sua manutenção em
compostos que designam espécies botânicas e zoológicas (cf. Base XV,
3.º). No entanto entendemos que este critério deverá abranger outros termos técnicos pertencentes a diferentes áreas de especialidade, nomeadamente às Ciências da Terra, o que acontece, por exemplo, em compostos
como carvão-de-chama e carvão-de-pedra.
(v) Nas palavras formadas por composição ou derivação em que o segundo
elemento começa por h, este é mantido quando as palavras se ligam através de hífen (cf. Base II, 3.º e Base XVI, 1.º, a)). À primeira vista, esta regra parece não representar qualquer problema, mas vão surgindo dúvidas:
corpo-huminiteou corpouminite, detro-huminiteou detrouminite, dia-hopano
ou diaopano, gelo-huminiteou gelouminite, neo-hopanoou neopano, per-
Thesaurus de Ciências da Terra 10
-hidrogenadoou peridrogenado, telo-huminiteou telouminite? Segundo a
Academia Brasileira de Letras, que foi a única entidade que até ao momento
se pronunciou sobre este ponto: “Quando não houve perda do som da vogal
final do primeiro elemento, e o elemento seguinte começa por h, podem ser
usadas duas formas gráficas distintas, como bi-hebdomadárioe biebdomadário, zoo-hematinae zooematina.” (Academia Brasileira de Letras 2009).
Seguiremos a recomendação desta Academia pela tradição de alguns destes e de outros compostos terem dupla representação gráfica, considerando
como grafia preferencial a forma que mantém a letra h.
(vi) O Acordo Ortográfico não faz referência a palavras formadas com o elemento não-. Mantivemos o hífen neste caso por assumir que o elemento
possui uma função prefixal quando se une a bases substantivas, adjetivas
ou verbais com o objetivo de lhes negar o sentido, constituindo uma unidade de sentido, como, por exemplo, emnão-queimado. A Academia Brasileira de Letras assume uma posição diferente: “Excluir o emprego do hífen
nos casos em que as palavras nãoe quasefuncionam como prefixos: não
agressão, não fumante, quase delito, quase irmão.” (Academia Brasileira
de Letras 2009). Também o Vocabulário Ortográfico do Português(VOP),
do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), considerado
pelo Governo português como vocabulário oficial, corrobora que palavras
“constituídas pelos advérbios nãoou quasee outra palavra” deixam de ser
hifenizadas. Embora o prefixo não- não seja reconhecido por muitos gramáticos como prefixo, mantivemos o hífen, uma vez que se une a bases
substantivas, adjetivas ou verbais com o objetivo de lhes negar o sentido.
Na fixação de uma terminologia geológica única e inequívoca, há ainda alguns
pontos que merecem inteiramente a nossa reflexão e uma profunda investigação
para futuros esclarecimentos. São casos que nada têm que ver com as mudanças
ortográficas implicadas na nova reforma ortográfica, mas antes pontos que carecem de análise para uma verdadeira e integral revisão ortográfica. Assim:
a) Estabelecimento de grafias preferenciais em caso de grafias duplas,
como é o caso de vocábulos formados com o sufixo -litos. Os nomes com
elementos de composição -litos, do grego líthos, ‘pedra’, e -claseocorrem
em diversos termos ou expressões dos foros da Mineralogia e da Petrologia.
Nos termos apontados, atestamos as duas formas, mantendo, todavia, as
formas esdrúxulas como preferenciais e as formas graves como alternativas, por serem igualmente frequentes, por exemplo, ortóclase ou ortoclase,
plagiócaseouplagiocase; fonólitooufonolito, pirólitoou pirolito, etc.
b) Fixação do génerode determinados vocábulos. Seja o caso, por exemplo,
do vocábulo fácies, que vem do latim facìése, pelo seu significado original
de ‘forma exterior, aspeto geral, ar, fisionomia, aparência, beleza’, o vocábulo deu entrada na terminologia geológica. Sendo do género feminino em
latim, o vocábulo deve preservar o mesmo género em português.
c) Termos diferentes com o mesmo significado consagrados pelo uso em
diferentes comunidades científicas. Ora, por exemplo, a percentagem,
em volume, dos minerais constituintes de uma rocha obtida por análise mo-
Petrologia e Geoquímica Orgânicas 11
dal designa-se na Escola de Lisboa por modo(da rocha) e nas Escolas de
Coimbra e do Porto por moda(da rocha), pelo que registamos os dois termos, que devem ser considerados sinónimos.
d) Divergências entre a nomenclatura geológica portuguesa e brasileira,
como, por exemplo, humidadevs. umidade, ou no caso generalizado da terminação dos nomes de minerais em -itevs. -ita, ou diferenças de pronúncia
como em geotectónicavs. geotectônica, índice de oxigénio vs. índice de oxigênio. Ainda no que diz respeito à terminologia em uso no Brasil, reitera-se
que não é exaustiva e apenas se registam os termos de uso mais corrente.
e) Traduções. Como afirmava Carlos Teixeira, “a língua portuguesa não é tão
pobre como às vezes se faz crer. Na maior parte dos casos existem termos
próprios sem necessidade de adoptar estrangeirismos mal sonantes ou traduções disparatadas” (Vocabulário de Termos Geológicos 1.ª Série – Letra
A,1971). Esta é uma outra vantagem dos presentes volumes temáticos. No
caso de um determinado vocábulo apresentar uma tradução indesejada ou
imprópria, esse mesmo vocábulo terá uma nota esclarecedora e uma chamada de atenção. Na nomenclatura geológica, como em outras terminologias científicas, encontram-se expressões impróprias, mas historicamente
consagradas. Sirva de exemplo o caso de xisto betuminoso, correspondente
à tradução literal do francês schiste bitumineux, que, por sua vez, é a tradução, duplamente errada, da expressão inglesa oil shale. É, ainda, nossa intenção apresentar sugestões de traduções, como no caso presente seja gás
do shale, ou em português do Brasil gás do folhelhoou, como neste trabalho
pela primeira vez se propõe, gás do laminito. Refira-se também, a título de
exemplo, o vocábulo shaleque, frequentemente, surge traduzido por xisto,
o que cientificamente é um verdadeiro erro.
f) Vocábulos derivados de nomes próprios. Regra geral, os termos derivados
de nomes próprios estrangeiros com combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares ao português preservam as características da grafia original, por exemplo, kukersite, shungite, etc. Cabe ainda referir que não existe nenhuma norma relativa ao nome das divisões estratigráficas, pelo que
merece toda a nossa atenção a tabela cronoestratigráfica da International
Commission on Stratigraphy(ICS). Pretendemos, definitivamente, pôr termo
à imensidão de grafias que vão surgindo, como, por exemplo, Skiddawiano,
Skidaviano e Esquidaviano.
g) Casos de verdadeira deriva ortográfica, como cormófitoou cormófita,
loess ou löss, estabelecendo e recomendando uma grafia preferencial.
Dado o período que a língua portuguesa atravessa, feliz ou infelizmente, qualquer
obra é facilmente suscetível de atualizações. Embora seja de louvar o trabalho de
revisão que consta da 5.ª edição do Vocabulárioda Academia Brasileira de Letras
(2009), e do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, da responsabilidade do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, ainda não é possível dar
por concluído o tema da ortografia, se é que alguma vez se dará por concluído,
porque a língua está em constante evolução e é um sistema dinâmico.
Atentos à dinâmica da língua, temos o dever de analisar, estudar e propor al-
Thesaurus de Ciências da Terra 12
ternativas no sentido de esclarecer dúvidas e resolver dificuldades, no presente
caso em termos comummente utilizados pela comunidade científica no âmbito das
Ciências da Terra, propondo um contributo para a consciencialização da referida
comunidade e estimular o uso adequado na redação científica.
É conveniente e vantajoso definir uma política linguística que seja um instrumento
de conservação do vasto património que representa a língua portuguesa, reconhecendo a tradição, a pluralidade e diversidade do nosso idioma.
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